Eu tenho a impressão que o formato hackathon se popularizou bastante e agora todo mundo quer fazer um. Mas existem hackathons e hackathons, então se vc vai participar de um (ou organizar um), melhor prestar atenção em alguns detalhes.
O mais evidente é o tipo de hackathon: temos os mais .com, com uma pegada empreendedora, que incentivam startups ou projetos dentro de companhias maiores; temos os .org, mais ativistas, geralmente organizados ao redor de uma causa como combate à corrupção, acessibilidade ou visualização de dados; finalmente, os .gov que são geralmente hospedados em sedes do governo para explorar dados governamentais ou encontrar soluções de participação social; vira e mexe aparece um .edu que é ligado a Universidades ou Museus e focam no acesso e difusão do conhecimento. Existem ainda outros modelos mais específicos, como Game Jam (pra fazer jogos), Editathon (pra editar wikipedia ou outros textos), Code Sprints (focados em algum software ou framework específicos, normalmente em conferências específicas)…
Uma vez que vc tem em mente o tema geral do hackathon, hora de ver como esse hackathon vai se organizar. Existem hackathons mais abertos, só chegar e participar, enquanto outros exigem inscrição prévia e não permitem participação espontânea :/ Nessa segunda categoria tem também aqueles que exigem inscrição prévia de equipes e projetos. Eu gosto mais dos abertos, que são naturalmente mais inclusivos, mas os que exigem organização prévia costumam permitir projetos com mais fôlego e o resultado final pode ser mais interessante.
Meus hackathons favoritos são colaborativos, com muita troca entre as equipes, tanto de informação, código ou mesmo de membros! Hackathons com prêmios tendem a ser mais competitivos, no entanto, especialmente se o prêmio é alto e muito cobiçado. Sempre dá pra hackear essa lógica, claro, eu geralmente sou colaborativo mesmo em hackathons competitivos – mas eu raramente ganho ;) É que o networking que rola nos hackathons é o melhor prêmio, e ele é garantido pra todo mundo que participa. Se a organização tiver preparado oficinas, palestras e, principalmente, mentores pro hackathon, é garantido que vc vai sair dali com referências valiosas. Um hackathon bom tem que ter um after planejado, que é pra descontrair e trocar idéias sobre a experiência toda.
E uma vez que o projeto fica pronto, o que acontece com ele? Alguns hackathons exigem que o projeto seja aberto, com repositório público e licenças abertas. Já outros tem toda uma preocupação com propriedade intelectual, chegando inclusive a reivindicar que os direitos sejam cedidos à organização :/ Eu evito esses últimos (que eu chamo de hackatontos) e por mais startupeiro que vc seja, recomendo evitar tb. Criar coletivamente é uma coisa, trabalho de graça é outra…
Por fim, tem que se considerar os cuidados do evento. Alimentação costuma ser oferecida, pizza e energéticos sendo o cardápio mais popular. Alguns cedem espaços para dormir, o que viabiliza participantes de fora da cidade. Espaços de descontração são valiosos, pena que nem todo hackathon tem (mas a gente improvisa). Espaços para crianças seriam ideais, mas eu ainda não fui em um hackathon que tivesse (na Rodada Hacker em SP a gente teve uma babá, que garantiu a participação de muitas mães). E para garantir o bem-estar de todos, é ideal ter um Código de Conduta também. De cara, é só um texto, mas ampara quem for vítima de qualquer forma de abuso (que infelizmente acontecem).